Como já haviamos prometido, esta semana estréia a coluna "Posso falar?!", que co a colaboração de vocês trará vários textos, sobre os mais variados assuntos. E pra começar, uma lição de vida... Vai dai Aline...
E a vida se transforma...
Se tem uma coisa que posso
dizer com mais convicção do que nunca é que a vida se transforma. E essa
transformação algumas vezes vem tão rápido que a gente mal consegue se adaptar
a ela.
Não sei se minha vida é
interessante, mas parece que as pessoas têm gostado de ler o que eu escrevo
sobre ela. Eu tenho um blog há alguns anos, que era uma fonte de desabafos,
nada demais, bem normal, mas depois de uma transformação devastadora da vida
meu blog resolveu ser lido. Algumas vezes eu penso que é o gosto das pessoas
pela tragédia, talvez elas se sintam piedosas de uma jovem doente, sei lá, não
sei quais os motivos as levam a ler o que escrevo.
Só sei que eu não estou
doente. Não sou uma coitadinha doentinha. Tenho uma doença séria, mas ela não
me deixou doente. Às vezes o tratamento me deixa perto de estar doente, mas
passa logo. Em 4 ou 5 dias me recupero.
Mas vou resumir um pouco
minha história...
Meu ano de 2010 foi o mais
movimentado da minha vida. Trabalhando demais, estudando demais, me divertindo
demais, sendo muito feliz. Foi um ano pleno e só o que me faltou foi ganhar um
pouco mais de dinheiro, mas isso é só detalhe. Foi um ano perfeito. Acabando a
faculdade, consegui passar no Mestrado pra área que eu sempre quis, estava mais
que realizada e feliz.
Eu sempre fui meio
depressiva por natureza. Natureza mesmo. É muito natural de mim ser mau
humorada, rabugenta, pessimista. Uma coisa mais puxada pro humor que pra baixa
qualidade de vida. Sou daquelas inconformadas que já se conformaram faz tempo,
sabe? E o ano de 2010 foi o ano mais plenamente feliz que tive.
Eis que surge um inchaço
em meu pescoço e neste inchaço aparecem ínguas, e no dia 26 de dezembro resolvo
procurar o médico da família, de muita confiança, e ele me encaminha pra um
ONCOLOGISTA. Que susto, mas não levei muito a sério. Mas no dia 30 fiz um
ultra-som e o médico já me encheu de medos. Falou a palavra mais temida:
câncer. Meu reveillon foi o pior que poderia ter sido. Passei a virada de ano
chorando abraçado ao meu irmão e meu pai, sem poder contar nada pra minha mãe
que não estava comigo pra não deixá-la em desespero.
Daí pra frente foram
exames, exames, exames. Até eu começar a quimioterapia, no dia 25 de fevereiro.
Linfoma de Hodgkin. Esse
foi o diagnóstico que fez do dia da minha colação de grau um dos mais tristes
da minha vida.
Mas é assim...
A vida segue e eu sigo a
vida. Hoje, dia 4 de maio, farei a 5ª sessão de quimioterapia. O médico disse
que eu teria uma vida normal durante o tratamento, mas ele mentiu. Tive que
abrir mão de muita coisa.
O tratamento me deixa
doente. Faço uma sessão a cada 15 dias, levo uns 5 dias pra me recuperar, o que
me faz ter uma vida de semana sim semana não.
Mas mais do que nunca
tenho meus amigos comigo e a certeza de que sou uma pessoa verdadeiramente
amada.
E estou aqui, na luta. E
vencerei essa luta porque não vou decepcionar todas as pessoas que estão
torcendo por mim e me colocando em suas orações.
Agradeço a Marcella pelo
convite pra escrever o texto, me sinto honrada, e espero em breve ter um texto
dela no meu blog também.
Beijoks.
Aline querida, obrigada MESMO por escrever aqui no nosso blog.
ResponderExcluirA sua experiência nos leva a crer que nossa mente tem mais poder do que qualquer coisa física que venha (ou tente nos abalar)
bjo!
Você transmitiu muito bem seus sentimentos.
ResponderExcluirAmei conhecer mais da sua história =D
Parabéns Aline! Bjos =***